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EX-CAPAS I 

« Nada mais belo que a verdade, a verdade por si é agradável »

 

                                                                                  Boileau

 

«Nada mais agradável que o belo, a verdade por si só é verdadeira», no meu entender é o que melhor se aplica como sentença em EX-CAPAS de Éric Collette.

Partindo dessa manipulação de sentença começamos a falar do «agradável», uma vez que se trata de objetos escolhidos a qualquer momento, preferir, amar. Preferir porque mais belo que outro. O belo, então o amado, parece não ter nada ver com o verdadeiro e justamente tem talvez tudo a ver com ele. O limite, aqui, entre o nada a ver e o tudo a ver se decide. Entre lucidez e absurdo é nosso sistema de compreensão que esta sendo questionado.

 

Inicialmente, o ambiente é de provocação. Tem uma certa ironia num livro manipulado...quando pedaços de livros estão sendo reduzidos a simples suporte de uma intervenção plástica, é porque o livro já foi percebido de modo diferente...

 

Mas como foi realmente percebido?

 

Se sabe que o livro representa desde sua criação uma referência infalível de nossa memoria de homem. Com o livro e aumentou a capacidade de nossa memoria. O livro é um suporte que tem uma história e nunca é neutro. Éric Collette ignora o conteúdo do livro e assim acrescenta ao seu peso como objeto. As referências ao livro como universo de conhecimentos intelectuais estão eliminadas. Se teria assim a negação de um suporte da cultura humana : o livro. Por tanto o ato de ler esta negado. O conteúdo não se lê. Aqui no Brasil Osvaldo de Andrade e do seu famoso : « Nào li e não gostei ». Só o objeto interessa. Suporte-objeto, o livro é um receptor iconoclasta e estranho carregado de lógica e de uma simbólica história. O livro se perpétua de objeto do passado a objeto do presente. Na era da revolução tecnológica, o livro não é mais que uma tradicional ferramenta do conhecimento, até decorativa (talvez por não ser interativo).

 

 

 

A capa de livro se revela a Éric Collette pela sua cor, sua textura, a sua resistência, só pelos seus aspetos plásticos. O suporte já é em si um veículo. Se trata então de desviar do seu aspecto tradicional desvirtuando a sua utilidade prática. As capas desfeitas não oferecem a resistência que o conteúdo lhe dava. Sera que elas são leves?

De fato o relato de imagens de um mundo muito estranha que se encontra dentro de uma luminosidade. 

Leveza sempre discordante, sempre no limite. Entre o «mau gosto» e o «bom gosto», indague-se...

 

 

Frederic Petitdemange

Sào Paulo

  

 

 

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