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MARABÁ

O artista resgatou de detritos um crânio humano possivelmente proveniente de aulas de medicina. Deste crânio surge uma colmeia de letras recortadas no ferro. É um alfabeto ocidental, um espaço mental que Eric deixa visível.Rodopios de palavras, trechos de sentimentos e pensamentos nos invadem e nos paralisam. Aquele universo da linguagem onde nascemos, que nos antecede e que perdura depois de nós. 
 

O totem como um crânio humano nos remete à Adão, às origens. Ele materializa o espaço xamânico: as letras saem da testa esquelética.Como um cofre, uma máscara de um ancestral que o espectador encontra e reativa quandose aproxima. Os orifícios, as órbitas,falam de dentro e de fora, de uma escuta e permeabilidade quecaracteriza o artista. Ele revela o espaço mental, um logos, uma dimensão sensível, visível e tangível.

O título da obra «Maraba» remete ao mestiço, ao bastardo. Um ser principiando de uma união de um indígena com um parente francês ou holandês. No mundo mestiço do Brasil este descendente encarna o encontro da Europa com a América do Sul.
 

Eric Collette vive entre duas línguas. Este «entre-dois» o autoriza a recuar com a própria Língua, o Francês, e o segundo idioma, o Português, o coloca em um espaço de aprendizagem permanente; objeto da sua busca. Comparado ao processo de criação, esta linguagem não é automática e nem repetitiva.O artista agarra o instante do pensamento e revela o clarão que nos permite ter a força de se projetar no espaço do futuro.


Jeanette Zingenberger
                 

 

Cranio humano, ferro, alt 70cm, 2017

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